Orgulho contra Consciência: Quem vencerá?
Havia uma vila chamada Acertos, onde todos se esforçavam para parecer justos. Não porque amavam a verdade, mas porque queriam ser vistos como corretos. O orgulho de ser bem-visto era mais forte do que o desejo de ser verdadeiro.
Nessa vila vivia um homem chamado Lúcio. Desde moço, Lúcio era conhecido por sua inteligência e habilidade com as palavras. Ele sabia o que dizer, como dizer e para quem dizer. Mas suas palavras raramente batiam com seus pensamentos.
Lúcio dizia "conte comigo", quando no coração pensava "que se vire". Dizia "fico feliz por você", enquanto secretamente morria de inveja. Falava sobre honestidade em público, mas manipulava os números de seus negócios em segredo.
Ele também mentia em sua declaração de bens, escondia patrimônio para não ser taxado justamente. E na sua vida sexual guardava segredos ainda mais obscuros: práticava pornografia e gastava o seu dinheiro com garotas de programas, atividades que escondia com zelo, mantendo uma fachada moralista enquanto vivia em duplicidade.
Com o tempo, Lúcio prosperou. Sua imagem era respeitada. Conselhos vinham a ele, pedidos de ajuda, elogios — tudo por causa da mentira disfarçada de virtude.
Mas a mentira não conhece limites. E o que começou como estratégia virou hábito. E o hábito, natureza. Lúcio começou a acreditar nas mentiras que dizia. E pior: começou a desconfiar das verdades que os outros falavam.
Um dia, um forasteiro chegou à vila com um negócio promissor. Falava com clareza e simplicidade, oferecia parceria sem rodeios. Lúcio, por estar tão acostumado com a dissimulação, achou que aquilo era armadilha. Pensou: "ninguém fala a verdade assim. Ele deve estar querendo me passar pra trás."
Movido por sua desconfiança, Lúcio armou um plano para proteger seus bens. Fez parecer que confiava no forasteiro, mas preparou um contrato oculto que transferia tudo para o seu nome. Só que o forasteiro, que de fato era honesto, percebeu o movimento e desistiu da sociedade.
Mas não parou por aí. Com a desistência, começou a circular na vila a verdadeira razão do rompimento. Línguas se soltaram. Pessoas começaram a revisitar antigas palavras de Lúcio que não batiam com os fatos. Um contador, que antes fora demitido em silêncio, decidiu revelar os números manipulados. Um antigo relacionamento veio à tona e expôs detalhes íntimos que Lúcio escondia. E finalmente, descobriram as irregularidades em sua declaração de bens.
Foi como se a máscara caísse de uma vez. A imagem de homem íntegro desmoronou. E então todos viram que o maior enganado havia sido o próprio Lúcio.
Pois a mentira que ele lançou contra os outros foi a mesma que ele usou para esconder de si mesmo a verdade.
Lúcio não olhava para dentro de si. Recusava-se a encarar sua própria alma, porque sabia — ainda que inconscientemente — que havia ali coisas que ele não queria ver. O que desejava enxergar a seu respeito era algo que o exaltasse, algo que o colocasse acima dos outros. Seu orgulho o impedia de aceitar a verdade.
Por isso, fixava seus olhos na feiura dos outros. Quando não encontrava algo suficientemente condenável, criava. Aumentava falhas, sugeria intenções maliciosas, interpretava o bem como vaidade e zombava de qualquer fragilidade. Criticar os outros o fazia sentir-se superior. Reconhecer o bem neles era, para ele, um rebaixamento.
Contudo, havia um tipo de pessoa que Lúcio considerava grande: os que alcançavam fama, poder, riquezas e status. Para ele, essas eram as verdadeiras medidas do sucesso. O caráter pouco importava — o que importava era o prestígio.
Isso ficava ainda mais claro em seus desejos para os próprios filhos. Lúcio queria que seus filhos e filhas se casassem com pessoas que pudessem lhes trazer status, influência e reconhecimento social. Não buscava, para eles, companheiros de caráter, de valores, ou de coração puro. Seu critério era o poder e a aparência. Isso revelava a sua pobreza interior e o profundo desvio de valores que habitava dentro dele.
A verdade, para Lúcio, era moldada pela conveniência. E o que ele chamava de sabedoria não passava de astúcia orgulhosa, nascida de um coração vazio.
Lúcio também não recebia críticas. Para ele, qualquer repreensão era uma agressão direta ao seu ego. Quando alguém ousava confrontá-lo ou apontar algo errado, ele imediatamente se justificava, tentando proteger sua imagem. Mas não parava por aí. Como retaliação, voltava-se contra aquele que o criticava, vasculhando falhas, distorcendo palavras, levantando suspeitas. Suas críticas não vinham de um desejo sincero de corrigir ou orientar, mas de uma necessidade de se vingar e rebaixar o outro, apenas para restaurar sua própria exaltação ferida.
A vida de Lúcio era voltada para alimentar e exaltar o seu próprio ego. Cada escolha, cada relação, cada decisão era orientada por esse impulso: buscar honra e glória para si. Ele não vivia para servir, nem para amar — mas para ser visto, aplaudido e reconhecido. Tudo o que fazia tinha como pano de fundo a construção de uma imagem que o colocasse acima dos demais.
Lúcio tinha uma necessidade constante de ser considerado uma boa pessoa. Isso fazia parte da imagem que ele cultivava diante dos outros. Ele se empenhava em proteger sua família, orientar, prover — atitudes que, embora tivessem aparência de virtude, serviam principalmente para alimentar a imagem de alguém nobre, justo e admirável.
Mas Lúcio não buscava essa imagem apenas para os outros. Ele também precisava acreditar nela. Desejava ver a si mesmo como alguém bom, alguém digno de honra. Essa convicção pessoal era tão importante quanto a opinião alheia, pois reforçava internamente o sentimento de superioridade que sustentava seu ego. Ser “bom” — aos seus próprios olhos — era parte do trono invisível em que se assentava. Não por amor à virtude, mas porque isso o fazia se sentir grande.
Por isso, Lúcio cuidava de sua família com zelo, ajudava alguns ao seu redor, protegia e orientava — mas não para ser visto como bom pelos outros. Na verdade, esse comportamento era parte de uma construção mental que alimentava a ilusão que ele fazia de si mesmo. Lúcio precisava acreditar que era uma boa pessoa. E quanto mais ele fazia isso em silêncio, sem alardear, mais essa imagem interior ganhava força, como se ele olhasse para um espelho fabricado por ele mesmo, no qual aparecia como um homem justo, generoso e íntegro. Essa imagem interna lhe servia como um alívio, um contraponto que diminuía o peso dos erros que ele cometia e escondia.
Era como se essas ações positivas fossem suficientes para abafar a consciência do mal que praticava. E esse mal não era simplesmente ignorado — ele era deliberadamente abafado pela recusa de Lúcio em observá-lo, avaliá-lo ou identificá-lo com clareza. Lúcio fechava seus olhos e ouvidos à verdade, evitando qualquer confronto real com a própria maldade. Fazia isso para que suas trevas não fossem dissipadas pela luz, pois, se a luz viesse, ele mesmo e todos ao seu redor veriam aquilo que ele se esforçava tanto para esconder: a realidade de quem ele verdadeiramente era.
Lúcio escondia a sua real condição tanto dos outros quanto de si mesmo, mantendo uma aparência construída e evitando qualquer confronto com a verdade que pudesse expor sua essência.
A mãe de Lúcio
Lúcio tinha uma mãe, uma senhora crente, marcada por uma vida de oração e temor a Deus. Era uma mulher que frequentava a igreja com constância, orava com os irmãos e se dedicava ativamente ao serviço do Senhor. Ao longo dos anos, foi adquirindo sabedoria através do conhecimento da Palavra de Deus, tornando-se referência entre os que a conheciam. Diferente de Lúcio, ela buscava a crítica para si mesma com alegria, pois via nela uma oportunidade de crescimento. Quando alguém lhe trazia um ensinamento ou uma correção, sentia-se feliz, como está escrito: “Repreende o sábio, e ele te amará”. Essa disposição em amar a verdade moldou sua vida e fez dela uma mulher amável no falar, firme na fé e dotada de profunda sabedoria. Tinha aversão ao pecado e à idolatria, e não se calava diante do erro.
Ela era uma mulher dura contra o pecado, tanto em relação à sua própria vida quanto à vida dos outros, porque sabia que o pecado separa o homem de Deus e conduz à condenação eterna. Ela conhecia a realidade do inferno e, por isso, tinha profundo amor pelas almas perdidas. Esse amor a movia a pregar incessantemente a Palavra de Deus, com firmeza e compaixão, sempre desejando que todos se arrependessem e fossem salvos.
Jamais aceitava exaltação. Jamais se vangloriava de algo, pois tinha a convicção de que nada era, e de que tudo deveria ser para a glória de Deus. Por isso, rejeitava firmemente qualquer tentativa de exaltar sua pessoa. Sempre que podia, contava sobre seu passado, da vida idólatra que levava antes de conhecer a verdade, e como Jesus a salvou e a libertou. Dizia que sua vida verdadeira começou no dia em que morreu para a idolatria e para o orgulho, quando foi batizada nas águas, enterrando ali a velha mulher. Isso já se fazia há mais de quarenta anos.
Sua mãe orava há anos por seu filho Lúcio, e seu coração sofria, pois o seu maior desejo era vê-lo na igreja, louvando a Deus, pregando a Palavra e estudando as Escrituras com sinceridade. Ela ansiava por vê-lo vivendo uma vida agradável diante de Deus.
A história de Lúcio pode terminar de duas formas. São dois caminhos possíveis, dois finais que revelam as escolhas que todo ser humano pode fazer diante da verdade revelada por Deus. Um caminho é o da rejeição e do endurecimento. O outro é o da humildade e da conversão. O leitor pode refletir sobre qual desses caminhos representa a verdadeira saída diante da revelação da própria condição. Aqui estão os dois finais:
Final 1 – O Caminho da Rejeição
O tempo passou e, em determinado momento, a verdade sobre Lúcio veio à tona. Uma série de acontecimentos expôs sua real condição, suas práticas ocultas e as máscaras que ele sustentava com tanto zelo. Pessoas que o admiravam se afastaram, e até os que se beneficiaram com suas boas ações ficaram em silêncio. Sua imagem foi arruinada.
Mas, em vez de reconhecer sua condição e buscar arrependimento, Lúcio mergulhou ainda mais em si mesmo. Ele rejeitou qualquer correção e endureceu o coração. Começou a frequentar lugares ainda mais sombrios, entregando-se completamente às práticas que antes escondia. A verdade o libertaria, mas ele a recusou. Sua consciência foi cauterizada, e a voz que o chamava ao arrependimento foi abafada por suas próprias escolhas.
Lúcio se perdeu. Não apenas dos outros, mas de si mesmo e, principalmente, de Deus. E Dona Esther, ao perceber isso, chorava em oração, sem cessar, lamentando a cegueira espiritual de seu filho. Ela sabia que a única esperança era um verdadeiro milagre da parte de Deus. E assim continuou intercedendo, mesmo sem ver frutos visíveis de arrependimento.
Final 2 – O Caminho da Salvação
Mas há outro desfecho possível para essa história. Quando a verdade sobre Lúcio finalmente veio à tona, ele ficou devastado. Sua imagem, construída por anos com tanto cuidado, foi destruída diante dos olhos de todos. Pela primeira vez, ele se viu nu de todas as suas ilusões. E isso o abalou profundamente.
Lúcio entrou em um processo silencioso de reflexão. As palavras de sua mãe, que antes pareciam duras, agora ecoavam como vozes de misericórdia. Ele se lembrou de sua infância, das orações que ouvia em casa, das verdades bíblicas que sua mãe lhe ensinava com tanto amor. E ali, em meio às ruínas de seu orgulho, ele começou a clamar a Deus.
Buscou ajuda. Passou a ler a Bíblia. Foi à igreja. Pediu perdão. Chorou. Jejuou. E, aos poucos, foi se transformando. Deus começou a operar nele aquilo que o homem não pode produzir por si mesmo. Lúcio foi regenerado. Sua mente foi renovada. Sua vida foi restaurada.
Dona Esther, ao ver o filho convertido, chorou novamente. Mas dessa vez, não de tristeza, mas de alegria. Ela viu seu filho louvando a Deus, pregando a Palavra, vivendo uma vida de santidade, como sempre sonhou. A mulher que orava há mais de 40 anos agora glorificava a Deus por sua fidelidade. O filho que estava perdido havia sido achado. O cego agora via. E Deus foi glorificado.
"Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, quando ouvirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus... porém a maldição, se não ouvirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus"
(Deuteronômio 11:26-28)
Assim também é a história de Lúcio. Dois caminhos, dois finais. A escolha entre a bênção da vida com Deus ou a maldição de uma existência distante Dele. Que cada leitor reflita: diante da verdade revelada, qual caminho você escolherá ?
Dois caminhos. Dois finais.
A escolha que você faz para o final dessa história revela a escolha que você precisa fazer para a sua própria vida.
Qual será a sua?
Obs: Digite no Google: estudando a Bíblia com pastor Rogerio. Acompanhe diariamente as mensagens de Deus. Compartilhe para que mais pessoas venham também ouvir a Deus.
Mirtes. A oração move a a mão de Deus ...Jesus o caminho a verdade é a vida.
ResponderExcluirinfelizmente, assim como Lúcio existem pessoas que se dissem ser servo do Altíssimo, mas na verdade não foram alcançados pela Palavra que liberta, pois até têm uma aparência de Cristão, mas são verdadeiros sepulcros caiados, mal sabem eles,que não podemos enganar o Criador, pois o SENHOR é sabedor de todas as coisas e também é está em todos os lugares. Salmos 139.
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