O Grande Almoço de Família e Amigos e a Caixinha de Promessa
Havia uma família muito conhecida por manter viva uma tradição especial: o Grande Almoço de Família e Amigos. Era um momento aguardado com alegria por todos. Uma vez por ano, a casa se enchia de vida — risos, abraços, conversas e pratos cheios. Todos vinham: tios, primos, amigos de longas datas, novos conhecidos e até vizinhos que já se sentiam parte da família.
A reunião era mais do que apenas comida farta. Ela representava algo maior: a união, a harmonia, o sentimento de pertencimento. Ali, cada um era lembrado de que, mesmo em meio às correrias da vida, havia um lugar de aconchego e comunhão.
Como parte dessa tradição, havia também um momento espiritual muito aguardado: todos se reuniam para uma oração antes da refeição, e ao final do almoço, acontecia o instante mais esperado por muitos — a Caixinha de Promessas.
Era uma pequena caixa colorida, simples, mas muito significativa. Dentro dela, havia dezenas de versículos bíblicos, escritos em tiras de papel. Cada pessoa tirava uma promessa e lia em silêncio ou em voz alta. Acreditavam que era Deus falando diretamente com elas. E saíam dali animadas, esperançosas, sentindo-se tocadas por uma palavra especial.
Naquele ano, entre os convidados estava um homem chamado Micaías. Ele não era da família, mas tinha se aproximado de alguns membros nos últimos meses e fora gentilmente convidado para o almoço.
Micaías era um homem de fé, e em seu carro ele guardava também uma caixa — uma caixinha especial que ele mesmo chamava de Caixinha da Verdade. Ao ouvir que haveria a Caixinha de Promessas, seu coração se moveu. Ele sentiu que talvez aquele fosse o momento de apresentar algo mais profundo, algo que vinha guardando há tempos.
Quando o momento chegou e a tradicional Caixinha de Promessas foi trazida à mesa, Micaías se levantou com educação e pediu a palavra. Disse com humildade:
— Meus irmãos, se me permitem... também tenho aqui uma caixinha. É um pouco diferente da de vocês. Eu a chamo de Caixinha da Verdade.
Ao dizer isso, alguns olharam surpresos, outros franziram a testa. A tradição era forte, e havia quem achasse desrespeitoso alguém de fora apresentar algo novo, diferente, como se quisesse mudar o costume da família.
— A Caixinha da Verdade — continuou Micaías — contém palavras de Deus também, mas não são apenas promessas. São exortações, são advertências, são chamadas ao arrependimento.
Ele falava com sinceridade. Mostrava que ali havia versículos sobre santidade, sobre a necessidade de se arrepender, de se humilhar diante de Deus, de negar a si mesmo, de sofrer por amor a Cristo. Falava da importância do batismo, da oração constante, do jejum, do estudo sério da Palavra.
Alguns ouviram com atenção. Outros se incomodaram. Uma senhora sussurrou ao lado:
— Quem é ele pra mudar nossa tradição?
Outro murmurou:
— Veio perturbar a paz da reunião...
Micaías não queria impor nada, mas falava com convicção. Explicava que Deus não dá promessas a quem não quer obedecer. Que muitas das bênçãos só vêm após arrependimento verdadeiro, vida consagrada, entrega total.
Até que alguém interrompeu, tentando manter a paz:
— Irmão, nós agradecemos, mas aqui já temos nosso costume. A sua caixinha é interessante, mas você pode mostrar depois, aos que quiserem ouvir. Que tal? Faça isso num canto, depois do almoço, com quem quiser participar. Assim todos continuam alegres, e você também compartilha sua palavra.
Micaías assentiu com um leve sorriso. Ele entendia. Não estava ali para impor, mas para anunciar. E sabia que, mesmo sendo rejeitado por alguns, a verdade não depende de aplausos — apenas de ser proclamada.
Reunidos ali na sala, todos deram as mãos. Havia entre eles pessoas de diversas crenças e religiões, e até alguns que não professavam fé alguma. Mas naquele instante, com respeito mútuo e espírito de unidade, todos se uniram em uma só roda. Foi feita uma oração. Uma oração simples, mas cheia de sentimento, de gratidão, de esperança. Foi um momento de silêncio e reverência, em que cada um, à sua maneira, se voltou para Deus.
Logo após a oração, veio o momento esperado: a Caixinha de Promessas foi trazida para o centro da roda. Todos se olharam com expectativa. Era a hora de cada um tirar um versículo — um momento que, para muitos, representava uma palavra direta de Deus.
A primeira a se levantar foi Dona Miriam. Uma mulher conhecida pela sua gentileza, mas também por estar fortemente enraizada em tradições humanas. Ela frequentava cerimônias, fazia promessas, acendia velas, seguia rituais — muitos dos quais não tinham base na verdade da Palavra, mas em costumes herdados ao longo da vida. Ela vivia cercada por símbolos de fé, mas sua alma ainda não tinha sido verdadeiramente confrontada pela verdade do Evangelho. Sua confiança estava nas práticas, não na transformação do coração.
Ao pegar um papel da caixinha, leu em voz alta:
> "Posso todas as coisas naquele que me fortalece."
(Filipenses 4:13)
Ela sorriu. Seus olhos brilharam. Levantou a cabeça com firmeza e disse com convicção:
— Essa é pra mim! Deus sabe que eu sou guerreira!
Muitos concordaram, sorriram também. Mas o que poucos percebiam é que aquela palavra, em vez de levar Dona Miriam ao quebrantamento e à verdade, acabou fortalecendo ainda mais sua autoconfiança e seu engano. Ela saiu dali se achando ainda mais forte e aprovada, mesmo sem ter reconhecido sua verdadeira condição diante de Deus. Ela não enxergava o quanto sua alma estava carente da graça, da luz e da verdade.
A próxima a se aproximar da caixinha foi Dona Maria, irmã de Dona Miriam. Uma senhora de idade avançada, passos lentos e olhar cansado, mas ainda sustentada por uma vida inteira de religiosidade. Era conhecida por suas orações decoradas, suas velas acesas, suas procissões, suas promessas feitas a santos — tudo aprendido desde a infância. Ela havia construído sua vida inteira sobre tradições, sobre um sistema de crenças herdado, mas nunca verdadeiramente examinado à luz da Palavra de Deus.
Dona Maria era, aos olhos humanos, uma mulher piedosa. Mas seu coração estava endurecido. O orgulho religioso e os anos de autoengano haviam criado uma fortaleza dentro dela. E agora, tão perto do fim da vida, reconhecer que estava no caminho errado seria doloroso demais. Ela já havia investido anos defendendo aquilo. Aceitar que tudo aquilo não passava de engano era, para ela, quase impossível. Ela não conseguia imaginar que sua religiosidade não fosse suficiente diante de Deus.
Então ela foi, retirou o papel, e lá estava escrito:
> "O Senhor é o meu pastor, nada me faltará."
Ela saiu feliz, alegre, com fé de que estava tudo bem com ela. E embora a verdade fosse que aquela mulher estava à beira de morrer, condenada, sem a verdade que a libertaria da sua condição — uma condição que ela não reconhecia, e que ela não podia reconhecer.
O próximo a tirar foi o Sr. Luís, um homem trabalhador, fiel à sua esposa. Era conhecido por sua honestidade, por ser correto nos negócios e respeitável entre os seus. No entanto, havia muitas coisas ocultas em sua vida. Embora tivesse princípios de moral e ética, não era um homem verdadeiramente convertido.
Ele nunca havia se arrependido de fato, nunca foi batizado no batimento das águas do arrependimento, não pregava o evangelho, nem conhecia o evangelho como verdade de salvação. Era apenas um homem de bons costumes — mas sem Cristo.
E foi ele tirar a sua mensagem. Abriu o papel com certa reverência e ali estava escrito:
> "Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça."
(Isaías 41:10)
Sr. Luís leu aquelas palavras com o coração aquecido. Sentiu-se confortado, como se o próprio Deus estivesse confirmando que tudo em sua vida estava certo. Porém, a realidade espiritual era outra. Ele se fortalecia numa promessa que não lhe pertencia, pois a justiça que sustenta é para os que vivem segundo o evangelho — e ele não conhecia essa justiça.
A próxima a tirar foi Valéria. Valéria era uma jovem muito alegre, sempre com um sorriso no rosto. Estudiosa, dedicada ao trabalho, era vista por todos como uma moça de Deus. Falava frequentemente sobre Deus, gostava de ajudar as pessoas, tinha uma palavra doce e agradável, e transmitia uma imagem de bondade e piedade.
Mas Valéria tinha uma questão em sua vida que contrariava a verdade da Palavra de Deus: ela era homossexual. Embora muitas pessoas a vissem como uma pessoa de fé, e embora ela própria tentasse compensar sua prática com boas ações e atitudes religiosas, a realidade era que vivia em um pecado que Deus chama de abominação — um pecado que, segundo a Bíblia, afasta o ser humano do Reino de Deus. Ela não enxergava isso, pois estava iludida pela aceitação humana e pelas boas obras que praticava, como se essas coisas anulassem o pecado grave que havia em sua vida.
Chegou o seu momento, e ela se dirigiu até a caixinha da promessa. Tirou com expectativa o papel, abriu, leu, e estava escrito:
> "Deleita-te também no Senhor, e ele te concederá o que deseja o teu coração."
(Salmo 37:4)
Valéria saiu radiante. Aquela promessa, para ela, foi como um selo de aprovação. O seu coração desejava viver aquele relacionamento com sua namorada, e ela agora acreditava ter recebido de Deus a confirmação de que esse desejo era justo e aprovado.
Mas a verdade, diante de Deus, era outra. Aquele coração, corrompido pelo engano do pecado, desejava aquilo que Deus abomina. E, embora Valéria estivesse convencida de que estava tudo bem com ela, a realidade espiritual era que ela seguia enganada, longe da verdade que liberta.
Uma a uma, cada pessoa tirava a sua mensagem. Pessoas que estavam afastadas de Deus, pessoas que não conheciam a verdade, mas todas saíam dali se considerando abençoadas. Acreditavam que aquele momento era uma experiência de comunhão com Deus, que Deus havia falado com elas. Sentiam-se acolhidas, fortalecidas e confirmadas em seus próprios caminhos.
E assim, cada uma continuava vivendo... vivendo o seu engano.
Porém, nem todos saíram indiferentes. Alguns que estavam ali começaram a sentir, no íntimo do coração, um desejo verdadeiro de buscar a verdade. Sentiram o peso do vazio que havia por trás das palavras doces, perceberam que havia algo errado em simplesmente se sentir bem. Eles queriam mais. Eles queriam realmente ouvir a Deus — e não continuar vivendo uma vida pautada em tradições, aparências ou sentimentos enganosos. O desejo de conhecer a verdade queimava em seus corações.
Então, alguns deles se aproximaram de Micaías. Com reverência, pediram:
— Micaías, deixa eu tirar uma mensagem da sua caixinha da verdade.
Aquela caixinha não era como a outra. Não era uma caixinha de promessas agradáveis aos ouvidos humanos. Era a caixinha da verdade — e quem se aproximava com sinceridade, Deus falava.
E Deus falou com muitos ali.
Um homem, que vivia em adultério, ao tirar sua mensagem, tremeu ao ler:
“O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” (Provérbios 28:13)
Ele sabia que Deus estava falando com ele.
Outros, envolvidos com o homossexualismo, com práticas sexuais fora do casamento, com idolatria, com mentiras e religiosidade vazia, receberam exatamente a palavra que os confrontava. A palavra era viva, cortante, penetrante. A verdade os alcançava como uma espada de dois gumes.
E ali, naquele momento, Deus verdadeiramente falou com eles. Não para agradar, mas para salvar. Não para confirmar seus pecados, mas para chamá-los ao arrependimento e à vida eterna.
Naquele ambiente, onde tantos buscavam palavras que afagassem seus erros, alguns foram tocados pela verdade que liberta. E a partir dali, suas vidas começaram a mudar.
Reflexão
Como naquela reunião de família e amigos, muitos vivem exatamente assim: passam os anos presos às tradições, envolvidos no engano religioso, alimentando o orgulho, sustentando a vaidade de uma vida que parece boa aos olhos humanos, mas que está distante de Deus.
Vivem se sentindo confortados por palavras doces, por mensagens que confirmam suas escolhas, mas não se dão conta de que estão afastados da verdade que salva. A rejeição da verdade de Deus — como supremo, absoluto, digno de ser buscado, conhecido e obedecido, custe o que custar — tem sido a ruína de muitos.
Morrem perdidos. Morrem enganados. E só no inferno, quando já é tarde demais, é que reconhecem a miséria de suas escolhas. O orgulho de seus corações os cegou, os iludiu, os endureceu. O que parecia fé, era apenas religião. O que parecia amor a Deus, era só apego a tradições e a si mesmos.
A Bíblia diz:
Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” (Provérbios 14:12)
Quantos estão hoje vivendo assim? Com aparência de piedade, mas negando o poder transformador da verdade de Deus? Quantos acham que estão bem porque ouvem palavras suaves, mas nunca se submeteram à cruz de Cristo, ao arrependimento verdadeiro, à obediência radical ao Senhor?
Essa reflexão nos chama a examinar:
Que tipo de mensagem eu tenho buscado? Aquela que me conforta ou aquela que me confronta?
Tenho vivido no engano das tradições ou na verdade que liberta?
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:32)
Que hoje mesmo haja em nosso coração um clamor:
Senhor, não quero mais viver no engano. Fala comigo, me mostra a verdade, ainda que doa. Salva-me de mim mesmo. Abre os meus olhos enquanto ainda há tempo!
Porque só a verdade salva. E só quem ama a verdade encontrará a vida eterna.
Muitos não sabem que o pecado os levará ao inferno, que o orgulho os impedirá de enxergar a verdade, e que sua morte para suas próprias vontades, e uma vida dedicada a conhecer e fazer a vontade de Deus, custe o que custar, é a única forma de reconhecer verdadeiramente o sacrifício de Jesus na cruz e obter a salvação de suas almas.
Bíblia nos fala de um homem chamado Micaías, um profeta verdadeiro de Deus, que era rejeitado e desprezado porque falava a verdade. Ele não dizia o que o povo queria ouvir, mas anunciava fielmente a Palavra do Senhor. Enquanto isso, muitos outros profetas — em grande número — enganavam o povo, falando apenas o que agradava, palavras suaves, mensagens de paz, de bênção, mas sem verdade, sem arrependimento, sem temor de Deus.
Hoje, ouça Micaías. Ouça verdadeiramente a Palavra de Deus.
Só uma vida exclusiva para a glória de Deus, uma vida dedicada a conhecer e a fazer a vontade de Deus, custe o que custar, é o caminho que conduz à salvação.
O pecado separa o homem de Deus.
E somente o abandono definitivo do pecado pode levar o homem à reconciliação com Deus e ao verdadeiro reconhecimento do sacrifício de Jesus na cruz.
“Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo.”
📖 1 João 3:8
Siga a Cristo em fidelidade. Enquanto ainda há tempo.
Caro leitor,
não viva uma vida de caixinha de promessas — não no sentido literal da caixinha, mas no espírito da caixinha de promessas, onde você busca ouvir apenas aquilo que lhe agrada. Onde você cria para si um “deus” moldado pelos seus desejos, um “deus” que sempre confirma suas vontades e nunca o confronta com a verdade.
Não viva baseado em tradições, em enganos herdados, em religiosidade superficial, em palavras doces que apenas confortam, mas não salvam.
Não aceite um evangelho de conveniência, onde não há cruz, arrependimento, renúncia, santidade, fidelidade.
O Deus verdadeiro fala a verdade, mesmo que doa. A Palavra de Deus é espada afiada, que corta o pecado e revela o coração.
Saia do engano. Abandone o orgulho. Arrependa-se enquanto há tempo.
Obs: Digite no Google: estudando a Bíblia com pastor Rogerio. Acompanhe diariamente as mensagens de Deus. Compartilhe para que mais pessoas venham também ouvir a Deus.
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