segunda-feira, 30 de junho de 2025

Arthur e Lorena: a Traição

 


Arthur e  Lorena: a Traição 


Artur era um homem respeitado no bairro onde morava. Tinha seus cinquenta e poucos anos, trabalhava com seriedade, era conhecido por sua gentileza, pontualidade e, acima de tudo, por sempre falar bem da esposa.


Lorena, sua mulher, era vinte anos mais jovem. Tinha aquele brilho nos olhos de quem ainda estava descobrindo o mundo. Era lindíssima, simpática, e onde chegava, atraía olhares. Artur, sempre que a via passar, sentia-se lisonjeado. Chegou a dizer certa vez:

— “Ela podia ter escolhido qualquer um... mas escolheu a mim.”


O tempo foi passando. Lorena começou a mudar pequenos hábitos. Chegava tarde. Dizia que ia encontrar as amigas, mas nunca mencionava nomes. O celular agora andava trancado. E os olhares que ela trocava com alguns homens na rua... não eram mais os mesmos.


Os mais velhos, amigos de Artur desde a juventude, percebiam. Mas ninguém tinha coragem de dizer nada diretamente. Ele a exaltava tanto, falava dela com tanto carinho, que um alerta direto soaria como uma ofensa pessoal.

— “Não é o momento”, pensavam.

Então, vinham as indiretas:

— “Cuidado com a beleza que ofusca.”

— “Nem todo sorriso é sinal de fidelidade.”

— “Às vezes, o amor faz a gente tapar os olhos.”


Mas Artur sempre tinha uma explicação:

— “Ela é jovem. Tem o direito de viver.”

— “Hoje em dia, todo mundo anda com o celular na mão.”

— “O problema é que as pessoas não aceitam ver um casal feliz.”


Na verdade, dentro dele, uma voz silenciosa começava a sussurrar: “Será?”

Mas Artur abafava esse sussurro. Preferia o silêncio da mentira à dor da verdade.

Certa noite, Artur chegou em casa mais cedo do que o habitual. Havia terminado o expediente antes do previsto e decidiu voltar sem avisar, achando que faria uma boa surpresa.


Ao girar a chave na porta, sentiu algo estranho. A tranca estava passada, mas a porta pareceu leve demais, como se tivesse sido encostada com pressa.

Ao entrar, percebeu a luz da sala apagada, e apenas um abajur do corredor aceso. O ambiente tinha um cheiro diferente — perfume doce e intenso, que não era o usual.


No sofá, uma almofada caída no chão. No chão da cozinha, um copo virado de boca para baixo, como se tivesse sido derrubado e recolocado apressadamente.


Lorena saiu do quarto ao ouvir a porta fechar. Estava com uma camisola curta, fina, mais ousada do que costumava usar mesmo nas noites a sós. O cabelo solto, os lábios ainda com brilho. Ao vê-lo, deu um pequeno susto, como quem não esperava ninguém naquele momento.


— “Você chegou cedo...” — disse, tentando parecer natural.

— “Não avisou que vinha antes... eu tava quase indo dormir.”


Artur olhou em volta. O quarto atrás dela estava com a janela aberta e o ventilador ligado no máximo. A cama parecia um pouco desarrumada — mas ele não sabia dizer se era isso mesmo, ou se sua mente estava começando a imaginar coisas.


Ele ficou alguns segundos parado, olhando para ela. E perguntou, mais por impulso do que por suspeita clara:

— “Você tava com alguém?”


Ela franziu a testa, fez um riso curto e irônico:

— “Com alguém? Claro que não. Que pergunta é essa, Artur? Eu tava sozinha, só tentando relaxar. Tive um dia estranho. Por que você tá me olhando assim?”


A resposta dela veio rápida. Mas não firme. Algo naquela cena inteira estava fora de lugar — a roupa, o ambiente, o perfume forte, o olhar inquieto.

Mas Artur desviou os olhos.

Preferiu não pensar demais.

Preferiu não insistir.


— “Desculpa... foi só impressão minha.” — disse ele, com um sorriso cansado.


Lorena caminhou até ele, o abraçou, e em silêncio, ele a abraçou de volta.


Mas naquele abraço, Artur não encontrou paz. Encontrou apenas o consolo da mentira.

Porque a verdade, embora batesse à porta do seu coração, ele a mantinha trancada — não por ignorância, mas por escolha.

Com o passar dos meses, a tensão em torno de Artur aumentava. Seus irmãos, seus pais, até seus amigos de infância começaram a demonstrar preocupação. Não era apenas o comportamento de Lorena que chamava atenção — era a forma como ele a defendia cegamente, como se ela fosse perfeita, intocável.


— “Artur, não é normal uma esposa sair tanto sem o marido.”

— “Uma mulher casada precisa construir a casa com o marido, e não viver como se fosse solteira.”

— “Você tá se enganando, amigo. Tá se machucando sozinho.”


Mas Artur não suportava ouvir. Ele sentia que estavam invadindo sua vida, julgando seu amor, duvidando de algo que ele considerava sagrado.


O clima entre ele e a família ficou tenso. Se afastou dos irmãos. Discutiu com os pais. Parou de atender ligações de amigos próximos.

Passou a viver em função daquela mulher, que mal lhe dava atenção.


E mesmo tendo ao seu lado a mulher mais formosa, mais desejada, Artur sentia-se vazio. Dormia ao lado de Lorena, mas o coração dele dormia só.

Não havia carinho verdadeiro. Não havia afeto espontâneo.

A ilusão era bonita. Mas fria.

A realidade, silenciosa, era cruel.


Foi então que um velho amigo de juventude, preocupado, tomou uma atitude por conta própria. Contratou discretamente um detetive particular. Queria, ao menos, saber a verdade. Não por maldade. Mas para salvar Artur de um engano que estava lhe destruindo.


Duas semanas depois, o detetive voltou com provas: imagens, vídeos, horários. Lorena era vista com frequência entrando em um flat da cidade, sempre com o mesmo homem, sempre aos horários em que dizia estar "com amigas" ou "resolvendo coisas pessoais".


O amigo, com o coração apertado, levou o material até Artur. Não falou nada. Apenas entregou o envelope, e saiu.


Artur abriu. Viu. E não disse uma palavra.

As imagens queimaram seus olhos. Cada cena rasgava não apenas sua mente, mas o que restava de seu coração.

O mundo girou. As mãos gelaram. O peito apertou.


Tentou levantar. Cambaleou.

Caiu.


Um infarto fulminante.

Morreu ali, sozinho, no chão da sala.

Sem tempo de gritar.

Sem chance de despedida.

Sem confissão. Sem reparo.


E no dia do seu velório, muitos diziam:

— “Ele morreu porque amou demais.”

Mas na verdade, ele morreu porque não quis ver. Porque preferiu a mentira à verdade.


🪞 Reflexão


A história de Artur e a traição de Lorena, embora pareça apenas um drama conjugal, é o retrato fiel da vida de muitos. Na verdade, ela pode ser o retrato da sua própria vida. Porque o ponto central dessa história não é apenas a infidelidade de uma mulher, mas a rejeição da verdade.


Artur não quis aceitar. A verdade estava diante dele — clara, evidente, cada vez mais exposta — mas ele escolheu ignorar.

E essa escolha lhe custou tudo: sua paz, seus relacionamentos, e sua própria vida.


Agora pare e pense: será que você também não está vivendo assim?


Porque existe uma verdade maior, uma verdade que não fala apenas de um fato, mas fala da realidade da sua existência.


A história de Artur e Lorena fala de traição.

Mas mais do que isso, ela fala de enganos que queremos manter.

Artur representa você.

Lorena também representa você.


Você é Lorena, porque trai a Deus. Com palavras, você diz que o ama. Com atitudes, você se deita com o mundo, com o pecado, com seus próprios desejos. Isso é adultério espiritual.

A Bíblia mostra que a relação entre Cristo e o cristão é como um casamento:

Por isso deixará o homem pai e mãe, e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja.”

— Efésios 5:31-32


Quando você peca, você não está apenas "errando".

Você está em adultério.

Você continua dizendo que é casado com Deus, mas seu corpo, seus olhos, sua mente e seus desejos estão com outro.

Você quer o nome de Deus, o status de cristão, mas não quer a fidelidade.


Você é Artur, porque rejeita a verdade.

Artur sabia. Os sinais estavam por toda parte.

Mas ele amava mais a aparência de um casamento do que a realidade da fidelidade.


Assim também acontece com você:

você insiste em acreditar que tem uma aliança com Deus, que tudo está bem, que Ele te aceita como você está.

Mas você fecha os olhos à verdade, porque amar a verdade exige renunciar ao pecado.


Artur não queria perder Lorena.

Você não quer perder sua vida velha.

Você quer manter o status de “casado com Deus”, mesmo vivendo em adultério espiritual.

Lorena escondia sua traição de Artur, mas você esconde sua traição de si mesmo quando nega o seu pecado, quando rejeita a verdade que o confronta — e essa rejeição é o mesmo sentimento de Artur, que não queria enxergar porque não amava a verdade, não a colocava acima de tudo, e assim se enganava. E aquele amigo que trouxe a verdade para Artur representa aquele que anuncia a salvação, mas, para Artur, foi tarde demais, porque ele não recebeu a verdade; seu coração não suportou aquilo que negou por tanto tempo.

O engano é mais grave do que parece.

Ele não apenas distorce a realidade — ele constrói uma vida falsa, uma aliança falsa, uma relação com Deus que não é verdadeira.

O engano mata.


Artur não foi apenas traído por Lorena — ele traiu a si mesmo.

Porque, quando rejeitou a verdade, ele escolheu viver uma ilusão.

E essa escolha o levou à dor, ao colapso e à morte.


Da mesma forma, você também trai a si mesmo quando rejeita a verdade de Deus.

Quando fecha os olhos ao pecado.

Quando prefere manter o conforto de uma mentira a enfrentar o desconforto da verdade.


E assim como aconteceu com Artur, quem rejeita a verdade chama para si o sofrimento e, por fim, a morte.

Porque não há vida fora da verdade.

E a verdade não é uma ideia:

é uma Pessoa. É Cristo.


Mas a Bíblia é clara:


 “Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.”

— Salmo 51:5


Desde que você nasceu, sua natureza é rebelde.

Você já nasceu distante de Deus.

E para ter um relacionamento verdadeiro com Ele, é preciso romper com o pecado.


Você precisa rever o seu casamento.

Se você ainda não assumiu uma aliança com Cristo, assuma hoje.

E se você acredita que já está casado com Ele — então reveja esse casamento.

Você precisa enxergar a traição, ainda que doa, ainda que isso destrua a imagem que você tem de si mesmo como cristão, como pessoa boa, como alguém salvo.

Você precisa investigar a verdade — porque a traição não pode permanecer.

Ela vai te conduzir à morte eterna, assim como aconteceu com Artur.


Pare de olhar para os outros.

A questão é você.

É a sua vida que precisa ser examinada, é o seu coração que precisa ser investigado.

Você precisa avaliar a si mesmo com seriedade e temor.


E entre o conforto de uma mentira e a comunhão verdadeira com Deus, escolha a comunhão.

Entre o orgulho de manter uma imagem e a dor de reconhecer o pecado, escolha a dor que leva ao arrependimento.


Você precisa ter um compromisso com a perfeição.

Porque quem não tem compromisso com a perfeição, está relaxado com o pecado.

E o pecado não perdoa — ele mata.


 “Porque o salário do pecado é a morte.”

— Romanos 6:23


O pecado matou Artur. E matará você também, se você continuar rejeitando a verdade.


Você não pode continuar sendo Lorena, traindo Deus.

Você não pode continuar sendo Artur, fugindo da verdade.


Você precisa desejar a verdade acima de tudo.

E desejar a verdade é desejar a Deus acima de tudo.


Para isso, você precisa:


1. Reconhecer que está em adultério espiritual.

2. Abandonar o pecado.

3. Parar de se justificar.

4. Negar a si mesmo.

5. Viver uma nova aliança com Deus, baseada na verdade.


 “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me.”

— Lucas 9:23


Chegou a hora de parar de enganar a si mesmo.

Você precisa decidir:

Vai continuar com um casamento falso, sustentado pela ilusão?

Ou vai começar uma vida verdadeira com Deus, firmada na fidelidade?


 “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”

— João 8:32


A verdade está diante de você.


Não seja nem Artur, nem Lorena — mas escolha a fidelidade a Cristo. Assuma uma nova aliança, fundamentada na fidelidade, e mantenha os seus olhos firmes na verdade, que é Cristo, e a sua Palavra, que é a Bíblia.



Obs: Digite no Google: estudando a Bíblia com pastor Rogerio. Acompanhe diariamente as mensagens de Deus. Compartilhe para que mais pessoas venham também ouvir a Deus. 


"Dica: Alguns celulares têm a opção ‘Áudio’, pelos três pontinhos no topo da tela, que permite ouvir e acompanhar a leitura do conteúdo do blog."






Um comentário:

  1. CONHECEREIS A VERDADE...A VERDADE VOS LIBERTARA ..............JOÃO 8_32. .......................Mirtes

    ResponderExcluir

Nome opcional