segunda-feira, 28 de abril de 2025

A cidade das Estátuas

 



A cidade das Estátuas


Havia uma cidade antiga, cercada por montanhas e rios calmos, onde todas as famílias recebiam, desde a fundação do lugar, uma ordem solene: em cada casa deveria haver uma estátua representando a imagem de Deus.


Mas havia um detalhe curioso — cada morador podia moldar sua própria estátua da maneira que quisesse. Era uma tradição passada de geração em geração. Cada lar, ao ser construído, erguia também o seu "deus doméstico".


Eram estátuas das mais diversas formas:


Algumas tinham braços abertos como quem abraça tudo, e os donos diziam:

“O meu Deus aceita tudo o que faço.”


Outras tinham olhos vendados, e diziam:

“O meu Deus não vê meus erros, só meu coração.”


Havia estátuas feitas de ouro, grandes e pesadas, com aparência majestosa, e seus donos orgulhosamente diziam:

“O meu Deus me dá riquezas e poder.”


Outras eram pequenas, delicadas, colocadas em cantos discretos das casas.

“O meu Deus não se mete muito na minha vida, Ele só quer que eu me sinta bem.”


Algumas tinham sorriso largo, roupas coloridas, e os moradores dançavam diante delas, dizendo:

“O meu Deus é alegria, não quer tristeza nem cobrança.”



E não era só isso — a cidade era cheia de devoção. Havia cultos semanais em praças, festas religiosas, procissões, músicas vibrantes, orações emocionadas. Cada grupo se reunia ao redor de estátuas semelhantes, entoando cânticos e dizendo com fervor:

"Glória ao nosso Deus!"

Falavam dEle o tempo todo. O nome de Deus estava nas bocas, nos muros, nas músicas, nas roupas. Era uma cidade muito "religiosa".


Mas certo dia, chegou uma família nova. Gente simples, pacífica, vinda de terras distantes. Construíram sua casa no limite da cidade...

Mas algo logo chamou atenção: naquela casa não havia estátua alguma.


Primeiro veio a curiosidade:

— Será que ainda não fizeram?

— Esqueceram?

— Estão esperando alguma revelação?


Depois veio o incômodo:

— Por que não têm sua estátua?

— Quem são eles para viver sem imagem de Deus?


Logo, o que era só curiosidade virou murmúrio. E o murmúrio virou desconfiança. E a desconfiança virou acusação.

Aquela família passou a ser malvista.

Chamavam-nos de irreverentes, de orgulhosos, de hereges.

E assim começou a perseguição...

A situação piorou quando aquela família saía às ruas todos os domingos à tarde para divulgar. Eles andavam com a Bíblia na mão — por onde iam, a Bíblia estava com eles. E todos os domingos à tarde, saíam pelas ruas, pregando e gritando com um megafone:

— Arrependei-vos, é chegado o Reino de Deus!


Eles pregavam para as pessoas, procuravam conversar, alertar, chamar ao arrependimento. Mas, quanto mais pregavam, mais revoltados ficavam os moradores da cidade. Aquilo incomodava, confrontava, e por isso, o desprezo se transformou em oposição declarada.


Muitas famílias que ouviram aquela pregação e conversavam com eles começaram a escutar com atenção. Eles explicavam, com mansidão e firmeza, por que não havia uma imagem em sua casa. Diziam:


— Foi Deus quem começou a moldar nossa vida. Um dia reconhecemos o sacrifício de Jesus na cruz, abandonamos nossos pecados e decidimos seguir em fidelidade os ensinos de Jesus, que estão na Bíblia.


Eles contavam que antes também tinham moldado um deus à sua maneira, mas agora era o verdadeiro Deus quem os moldava.


Essa mensagem tocou corações. E muitas famílias, convencidas pela verdade, quebraram suas estátuas, destruíram os deuses que haviam feito com as próprias mãos e passaram a seguir a Palavra. Deixaram de moldar um deus para si e se deixaram ser moldados pelo Deus verdadeiro, por meio da Bíblia — a Sua Palavra. Agora, aquelas pessoas não criavam mais um deus à sua imagem; elas eram transformadas à imagem do Senhor.

Essa mudança operada por Deus não foi passageira — ela continuava. E essa moldura duraria por toda a vida. Eles estariam sempre sendo moldados, na medida em que buscavam o conhecimento da vontade de Deus em Sua Palavra.


Ao verem o que estava acontecendo, com muitas famílias quebrando suas estátuas e aderindo à mensagem daquela família, os moradores da cidade começaram a se reunir em grande número. Juntos, orquestraram um plano para confrontar a situação. E, em um domingo à tarde, enquanto a família estava pregando nas ruas, o ajuntamento de pessoas foi em direção a eles.


O confronto foi intenso. Em meio a um grande tumulto, aquele homem, chefe da família, se viu diante de um imenso número de pessoas, e os líderes da cidade, com o rosto marcado pela ira, questionaram-no publicamente diante de todos:


— Vocês vêm à nossa cidade, querem mudar nossas vidas, e ditar as suas regras?


Com serenidade, o homem chefe da família e aqueles que se haviam agregado à sua fé, se posicionaram, firmes em sua crença, e responderam:


— Nós não viemos mudar suas vidas à nossa maneira. Estamos aqui apenas para apresentar a vocês a revelação de Deus, a qual está em Sua Palavra. É Deus quem quer mudar suas vidas, não nós.


Nesse momento, aqueles que se opunham, já haviam arquitetado sua resposta. Eles haviam adquirido suas próprias Bíblias e, com elas nas mãos, disseram:


— Nós também temos nossas Bíblias, e também seguimos a Palavra.

O homem respondeu de maneira branda, mas firme em sua fé:


— Então, vamos abrir as nossas Bíblias, vamos abrir as nossas vidas e buscar a Deus, estudar e analisar as Escrituras para ver qual é a verdadeira vontade de Deus para as nossas vidas. Eu tenho certeza de que Deus não dirá coisas diferentes para nós. A Bíblia é inteligível, e o que está escrito nela se manifestará claramente a nós. Não viveremos mais em conceitos diferentes, e poderemos nos reunir todos, congregar e adorar a Deus juntos.


Mas o povo não queria aceitar aquilo. Eles rejeitaram a proposta, e um de seus líderes levantou a voz, dizendo:


— Não, vocês interpretam a sua maneira e nós a nossa. Cada um tem sua própria congregação e sua própria visão de Deus.

O homem, vendo que aquele povo estava irredutível e que não havia mais possibilidade de diálogo, se retirou. E assim a cidade permaneceu dividida.


Primeiro grupo: Alguns mantinham suas imagens em suas casas. Eles não queriam abrir mão dos seus velhos costumes e continuavam adorando suas estátuas. Para esse grupo, a imagem de Deus ainda estava moldada conforme suas próprias crenças e tradições. Eles não estavam dispostos a abrir mão dessas práticas, mantendo suas interpretações pessoais de Deus e resistindo à mudança.


Segundo grupo: Outros quebraram suas imagens e passaram a manter a Bíblia como base de sua fé. No entanto, apesar de terem agora a Bíblia, muitos ainda queriam preservar certos aspectos dos velhos costumes. Embora tivessem o livro sagrado em mãos, continuavam tentando moldar Deus à sua maneira, interpretando as Escrituras conforme seus próprios interesses e desejos. Eles queriam seguir a nova fé, mas ainda buscavam atender aos seus sentimentos e vontades pessoais, sem se comprometer verdadeiramente à fidelidade à Bíblia. O resultado era uma prática religiosa que ainda era uma combinação da nova fé com os antigos desejos do coração, movidos pela infidelidade a Deus, que é pecado.


Terceiro grupo: Enquanto isso, outros se converteram verdadeiramente, abandonaram suas estátuas e passaram a ser fiéis à Bíblia, permitindo que ela moldasse suas vidas de maneira genuína. Para esse grupo, a Bíblia não era apenas um livro de orientações, mas a Palavra viva de Deus, que transformava suas ações e pensamentos. Eles agora estavam comprometidos com a fidelidade à Palavra de Deus, deixando-se moldar por ela e não mais tentando moldar a imagem de Deus conforme seus próprios interesses.



Reflexão


Essa parábola expressa a realidade da vida. Muitas pessoas não necessariamente constroem uma imagem ou uma estátua de Deus em suas casas, mas, de maneira simbólica, constroem essa imagem em seus corações. A grande questão é que a imagem de Deus que elas constroem não é a que é revelada pela Palavra de Deus, mas aquela que elas mesmas criam, na medida em que tentam moldar a vontade de Deus conforme o seu próprio pensamento e desejos.


Essas pessoas são aquelas que fazem aquilo que elas querem e, ao fazerem, acreditam que Deus está com elas. Elas criam uma imagem de Deus que se encaixa nos seus próprios desejos e pensamentos, acreditando que essa seria a maneira correta de viver. Mesmo quando suas ações estão em desacordo com a Bíblia, elas não se importam. O Deus que elas criaram não exige mudança de vida, não exige arrependimento. Assim, não há um compromisso verdadeiro com a Bíblia. Elas não abandonam o pecado, não experimentam o arrependimento que deveria ser seguido pelo batismo, não buscam a congregação na igreja, não se dedicam à pregação do evangelho e nem à leitura das Escrituras. Elas seguem sua própria forma de vida, com uma imagem de Deus feita à sua maneira, sem se preocupar com a fidelidade à Palavra de Deus.


Outro grupo de pessoas são aquelas que, embora tenham optado por seguir a Bíblia, ainda não abandonaram totalmente os desejos do seu próprio coração. Elas até se dedicam à adoração a Deus e tentam viver conforme as Escrituras, mas continuam a alimentar desejos e práticas que não estão de acordo com a vontade de Deus. Apesar de afirmarem seguir a Bíblia, não possuem um compromisso firme e decidido de fidelidade a Deus. Elas se tornam seguidores da Bíblia, mas sem um vínculo real de aliança com Deus. Esta falta de compromisso e fidelidade impede uma transformação genuína, e, ao invés de serem moldados por Deus, ainda tentam moldá-Lo à sua maneira.

Por fim, o terceiro grupo é composto por aqueles que decidiram ser como os que quebraram a estátua. Eles não apenas aderiram à Bíblia, mas também assumiram um compromisso real de fidelidade a Deus. Abandonaram completamente o pecado, morreram para o pecado e vivem para fazer a vontade de Deus, custe o que custar. Permitem que Deus molde suas vidas por completo, sem reservas, com obediência e entrega total.


E você, a qual grupo pertence?

Àqueles que ainda formam a imagem de Deus conforme as suas próprias vontades e criaram um deus para si mesmos?

Ou àqueles que decidiram pela Bíblia, mas continuam moldando Deus aos seus desejos, por não abrirem mão do pecado?

Ou você decidirá ser como os que quebraram a estátua, aderiram à Bíblia e assumiram um compromisso de fidelidade, abandonando totalmente o pecado e permitindo que Deus molde plenamente sua vida?


Reflita com sinceridade diante de Deus. E decida pela vida eterna. 



Fundamentação Bíblica


“Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam.”

João 5:39


“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra.”

2 Timóteo 3:16-17


“Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?”

Romanos 6:2


“Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.”

2 Timóteo 3:5


“Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são mandamentos de homens.”

Mateus 15:8-9


“Qualquer que permanece nele, não peca; qualquer que peca não o viu nem o conheceu.”

1 João 3:6


“Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou.”

1 João 2:6


“Pois, passando e vendo os vossos santuários, encontrei também um altar no qual estava escrita a seguinte inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois aquilo que adorais, sem conhecer, é o que vos anuncio.”

Atos 17:23

Um comentário:

  1. Servi a DEUS de verdade requer total abandono do pecado, pois o que chama a atenção de Deus é uma vida de obediência e santidade. 1 Tessalonicenses 4: 3,4.

    ResponderExcluir

Nome opcional